O planeta Terra deverá registrar, entre julho e agosto, uma aceleração momentânea em sua rotação, levando ao encurtamento dos dias. Segundo o Observatório Nacional, unidade de pesquisa vinculada ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), esta quarta-feira (09) será o dia mais curto do ano.
Ainda de acordo com o ON, os dias 22 de julho e 5 de agosto também devem apresentar um encurtamento. Mesmo que imperceptível ao ser humano, as diferenças na duração do dia chegam a milissegundos e são monitoradas desde a década de 1950.
Desde 2020, cientistas acompanham uma sequência de dias anormalmente curtos. Desde sua formação, há 4,5 bilhões de anos, quando um período de rotação era de 5 a 10 horas, há a desaceleração sistemática, além das variações pontuais que podem acelerar ou desacelerar a velocidade por períodos limitados.
Segundo o pesquisador do Observatório Nacional e diretor substituto da instituição, Dr. Fernando Roig, no entanto, variações sazonais e eventos fortuitos, como grandes terremotos, o movimento do núcleo da Terra, a oscilação dos polos geográficos, ou deslocamentos de massa nos oceanos e na atmosfera, também podem alterar temporariamente o momento de inércia do planeta, mudando sua velocidade de rotação.
Além desses eventos, mudanças climáticas em grande escala também podem influenciar esse movimento, por meio do fenômeno conhecido como maré atmosférica, semelhante à maré oceânica. O deslocamento periódico de massas de ar impacta diretamente na rotação do planeta.
Mudanças abruptas na temperatura média da superfície terrestre, como a transição da era glacial para a atual, também já provocaram variações significativas na duração do dia. Há cerca de 600 milhões de anos, por exemplo, o dia durava aproximadamente 21 horas.
De acordo com o ON, em média, a Terra completa uma rotação em 86.400 segundos, ou 24 horas, mas pequenas variações podem ser detectadas com o uso de relógios atômicos, tecnologia disponível desde a década de 1950. O parâmetro que mede essas variações é conhecido como duração do dia (length of day, ou LOD, em inglês).
Até 2020, o menor LOD já registrado era de -1,05 milissegundo, indicando que o planeta girou ligeiramente mais rápido. Desde então, esse recorde vem sendo superado quase todos os anos, chegando a -1,66 milissegundo em 5 de julho de 2024. A expectativa é que valores semelhantes sejam alcançados novamente em julho e agosto de 2025.
Outro fator que contribui para esse fenômeno de curto prazo é a órbita da Lua, que afeta a rotação da Terra. O planeta tende a girar mais rápido quando a Lua se encontra mais distante (para o Norte ou para o Sul) em relação ao equador terrestre, o que acontecerá nas datas previstas para os possíveis recordes neste ano.
Ainda não há uma resposta definitiva para explicar por que essas acelerações momentâneas ocorrem.