Com tecnologias avançadas e com uma abordagem sustentável, o Centro de Tecnologias Estratégicas do Nordeste (Cetene), unidade vinculada ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação, tem liderado pesquisas para viabilizar a produção de lúpulo no Nordeste.
A iniciativa pode transformar o cenário da indústria cervejeira no Brasil, já que um dos objetivos do estudo é a redução da dependência da importação de lúpulo e aumentar a competitividade da produção nacional. O projeto também contribui para a expansão do setor agrícola, promovendo novas culturas e fortalecendo o agronegócio local.
No estudo, o Cetene busca adaptar o cultivo do lúpulo às condições climáticas do Nordeste brasileiro, utilizando biotecnologia e práticas de cultivo eficientes, quem explica é o coordenador de Desenvolvimento Tecnológico e da Unidade Embrapii BiotecCetene, James Melo.
“Nós desenvolvemos e aprimoramos a micropropagação vegetal de seis variedades na Biofábrica Governador Miguel Arraes”, disse. “Essa micropropagação vegetal garante a fidelidade genética e também a qualidade fitossanitária. Isso leva ao campo uma maior produtividade e também mais resistência contra pragas e contra doenças”, reforçou.
Expansão do cultivo nos estados nordestinos
A produção de lúpulo no Nordeste já é uma realidade e ganha força em estados como Alagoas, Pernambuco e Bahia. Um exemplo acontece na cidade alagoana de União dos Palmares, com a Righetti Agrícola. A empresa cultiva a planta há cerca de três anos em uma área de 0,2 hectares, com resultados promissores, colhendo duas safras anuais, produtividade compatível com outras regiões do país. No início da plantação, havia 500 mudas. Hoje, com o apoio do Cetene, a empresa vai ampliar a produção para mais 1.500 plantas.
Proprietário da Fazenda Sete Léguas (AL) e agricultor responsável pela plantação de lúpulo, Aluysio Righetti, comentou que a fazenda terá três variedades de lúpulo. “Que foram bem agronomicamente e que devem atender a cervejarias”, pontuou. Ele completou que serão feitas compras de equipamentos para o beneficiamento da produção. “Até o final de 2025, produziremos lúpulo peletizado em escala comercial para atender às cervejarias, principalmente as de Pernambuco e Alagoas”, enfatizou.
Em Pernambuco, o projeto conta com parceiros na cidade de Bonito e no Vale do São Francisco, área reconhecida pelo sucesso na produção de uvas. A expectativa das empresas é que o lúpulo siga o mesmo caminho, consolidando-se como uma cultura de destaque na região.
A cervejaria pernambucana Babylon é uma das empresas que integram o projeto. Com parceria formalizada com o Cetene, o grupo, um dos pioneiros no mercado artesanal, vai utilizar o lúpulo para produção atual, que estará disponível para degustação em aproximadamente três meses.
“É de uma importância imensa para nós, de microcervejarias, termos a plantação de lúpulo aqui no Nordeste. Além disso, conseguimos explorar novos universos e características com esse insumo, desenvolvendo novos produtos, outros estilos de cerveja, novos estilos de cerveja, usando a regionalidade como característica principal”, enfatizou o mestre cervejeiro da Babylon no Recife, Victor Hugo Batista.