De origem tupi-guarani, Ybytu (com pronúncia “ubuitu”) significa “o vento que sopra” ou “a terra que vive” e refere-se à força da natureza e o símbolo da vida. Foi assim que os adolescentes participantes do hackaton promovido pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) batizaram o jogo on-line de combate à desinformação em justiça climática idealizado por eles. O trabalho foi apresentado durante a 22ª Semana Nacional de Ciência e Tecnologia, que ocorreu de 21 a 26 de outubro, em Brasília (DF).
“O nome casou perfeitamente com o que nós queríamos. Nós queremos que as informações sejam como o vento, que sopra longe e alcança a todos, e como a terra, que é necessária para a vida”, explicou Luan Ferreira, da comunidade quilombola Praia do Peixe, em Adrianópolis (PR), integrante do grupo.
Iniciado na IV Conferência Nacional Infantojuvenil pelo Meio Ambiente (CNIJMA), o Hackaton do MCTI reuniu 18 jovens para que, juntos, pudessem refletir, compartilhar ideias e propor ferramentas inovadoras de combate a notícias e dados falsos sobre justiça climática. Após essa etapa, cinco desses adolescentes foram escolhidos para representar e apresentar o jogo on-line em uma transmissão para escolas de todo o País.
“Ver o resultado do hackaton e como vocês colaboraram entre si nos dá muito orgulho. A verdade é que nós ganhamos mais quando colaboramos, quando o objetivo é o mesmo. Assim, é possível ter ideias mais avançadas”, parabenizou o secretário de Ciência e Tecnologia pelo Desenvolvimento Social (Sedes) do MCTI, Inácio Arruda.
Os jovens escolhidos foram Allan Jefferson Braga, de 14 anos; Beatriz Pereira, de 14 anos; Luan Ferreira, de 14 anos; Ismael Alves, de 12 anos; e Yasmin Motta, de 14 anos.
A cerimônia de apresentação contou com a presença de representantes do MCTI, do Ministério do Meio Ambiente, da Secretaria de Comunicação Social (Secom), da Secretaria de Relações Institucionais (SRI) e do Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia (Ibict), unidade vinculada do MCTI.
Ybytu: o combate
Ainda em desenvolvimento, o jogo idealizado pelos jovens será ambientado em uma cidade com problemas climáticos e ambientais e o jogador deverá se tornar o prefeito dela para cuidar do local.
“Hoje em dia, as notícias correm muito rápido na internet e nas redes sociais. E, por causa disso, as pessoas não pensam direito no que está sendo dito e acabam acreditando em tudo o que aparece. Então, o objetivo do jogo é ensinar de forma leve e divertida a combater a desinformação e como cuidar do nosso planeta de forma consciente e sustentável”, explicou Beatriz, de Maricá (RJ).
Enquanto o prefeito cuida das práticas sustentáveis da cidade, como a redução do consumo de energia e água, ele ainda tem que lidar com os “trolls” que propagam desinformação e dados falsos pela população local.
Oportunidade e futuro
Sem professor de ciências na escola, Yasmin, de Parobé (RS), ficou sabendo da conferência após a mãe, professora substituta da unidade, ser convidada para liderar e desenvolver as atividades. “Foi vendo minha mãe lidando com as coisas da conferência que eu me interessei e pedi para participar. Hoje, eu fico muito feliz de ter me envolvido lá no início, porque só assim eu poderia estar vivendo tudo isso agora.”
Ainda que o assunto esteja em alta, Alan, de Concórdia do Pará (PA), conta que foi apenas após a conferência e a semana que “meio ambiente” e “desinformação” passaram a compor seu vocabulário. “Foi depois do projeto que eu comecei a pesquisar e ler mais sobre os assuntos e hoje me interesso bastante. Agora eu entendo que o meio ambiente é essencial, sem ele nós não sobrevivemos.”
Assim como para Yasmin e Alan, as experiências da SNCT e da CNIJMA ficarão para sempre na memória de todos esses jovens. “Eu estou muito feliz de estar aqui e estar vivendo e vendo tudo isso. Com certeza eu vou ter muita história pra contar, além da experiência e do conhecimento que vou poder levar para a escola”, comemorou Ismael, de Patos (PB).
Enquanto alguns planejam aplicar a experiência na escola, outros querem levar as vivências para a vida. “Eu estou chegando na idade de escolher o que eu quero fazer na minha vida e essa experiência tem me feito pensar muito nas minhas escolhas. Antes, eu queria fazer medicina e ser pediatra, mas agora eu percebi que quero continuar estudando e lutando pelo meio ambiente com ciência e tecnologia”, disse Beatriz.
SNCT
A SNCT é promovida pelo MCTI, sob a coordenação da Sedes, e conta com o patrocínio de Financiadora de Estudos e Projetos (Finep); Huawei do Brasil Telecomunicações Ltda; Caixa Econômica Federal; Positivo Tecnologia S.A.; Conselho Federal dos Técnicos Industriais (CFT); Banco do Nordeste do Brasil S.A. (BNB); Conselho Federal de Química (CFQ); Agência Brasileira de Promoção Internacional do Turismo (Embratur); Comitê Gestor da Internet no Brasil / Núcleo de Informação e Coordenação do Ponto BR (CGI.br e NIC.br) e Associação das Indústrias Aeroespaciais do Brasil (Aiab).
