Apenas com o apoio de seu orientador e o auxílio financeiro de um edital público, a estudante do Instituto Federal de Brasília (IFB), unidade de Ceilândia, Ana Júlia Oliveira de Souza, de 16 anos, desenvolveu um óculos detector de obstáculos para pessoas com deficiência visual. A adolescente visitou, nessa quarta-feira (19), a sede do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), em Brasília, e foi recebida pelo secretário de Ciência e Tecnologia para o Desenvolvimento Social, Inácio Arruda, e pelo coordenador-geral de Tecnologia Assistiva, Milton de Carvalho Filho.
“Com esse projeto, eu quero promover a autonomia e segurança para pessoas com deficiência visual em sua locomoção diária”, disse a jovem, que cursa a disciplina de Técnico em Eletrônica no instituto.
No total, Ana Júlia desenvolveu 10 óculos protótipos, todos financiados por meio de um edital do próprio IFB. Como forma de “devolver à sociedade” seus incentivos, Ana Júlia doou três unidades ao MCTI. “O que eu quero com essas doações é demonstrar, na prática, o impacto positivo que a tecnologia pode ter na vida de pessoas com deficiência, inspirando outros a apoiar iniciativas parecidas”, disse a adolescente. Além do ministério, a jovem ainda doou duas unidades para o IFB do Riacho Fundo e outras cinco para o Centro de Ensino Especial de Deficientes Visuais, também em Brasília.
De maneira simplificada, como explica a adolescente, o óculos detector utiliza um sensor ultrassônico para emitir, refletir e receber ondas que ativam uma vibração para o usuário, o avisando sobre a proximidade do objetivo. “Nesse primeiro momento, o óculo está programado para avisar sobre objetos a uma distância de 30 centímetros, mas, com um pouco mais de desenvolvimento, nós conseguimos aumentar essa distância”, afirma Ana Júlia, que criou e produziu o protótipo em cinco meses.
- Divulgação
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Próximos passos
Além de receber as doações, o secretário Inácio Arruda e o coordenador-geral Milton Filho se comprometeram com a adolescente a ajudá-la dar continuidade em seu protótipo.
Para o coordenador-geral, a área da tecnologia assistiva enfrenta, de maneira geral, o desafio de aliar pesquisar e a produção industrial. “Uma coisa é você ter a pesquisa e um produto, mas, se ele fica na prateleira da universidade, fica na prateleira do pesquisador, ou no máximo estar lá na publicação escrita de uma revista internacional, não é o suficiente. Então, o que a gente almeja é que essas boas pesquisas, elas cheguem na mão, cheguem na vida das pessoas que é quem mais precisa desse tipo de tecnologia”, disse Milton.