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CGEE lança estudo sobre diversidade racial na pós-graduação brasileira

17 de julho de 2025
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O Centro de Gestão e Estudos Estratégicos (CGEE) lançou, nesta terça-feira (15), o capítulo especial sobre cor ou raça do estudo Brasil: Mestres e Doutores 2024. A publicação analisa a trajetória de titulações de mestrado e doutorado de 1996 a 2021, agora com um recorte que tem como foco as desigualdades raciais que marcam o sistema de pós-graduação e o mercado de trabalho formal no Brasil. A divulgação dos dados inéditos foi realizada durante a 77ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), que acontece até sexta-feira (18), na sede da Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE), em Recife (PE).

Os dados foram apresentados na mesa sobre “Diversidade racial da pós-graduação brasileira – avanços e desafios”. O debate foi coordenado pelo diretor-presidente do CGEE, Fernando Rizzo. A mesa contou, ainda, com a participação da coordenadora do estudo, Sofia Daher, e das professoras da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), Luciana Conceição de Lima; e da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), Rosana Baeninger.

O estudo aponta que, embora tenha havido crescimento no número de mestres e doutores autodeclarados pretos, pardos e indígenas, a maior parte das titulações ainda é concentrada na população branca. De 1996 a 2021, 49,5% dos títulos de mestrado e 57,8% dos de doutorado foram concedidos a pessoas brancas. Pretos representam apenas 4,1% dos mestres e 3,4% dos doutores, enquanto pardos somam 16,7% e 14,9%, respectivamente. Os indígenas correspondem a apenas 0,23% das titulações de mestrado e 0,3% das de doutorado no período.

A categoria “sem declaração” apresentou uma redução significativa, passando de 47,5% em 1996 para 7,9% em 2021 entre os mestres, e de 44,5% para 9,5% entre os doutores, o que evidencia uma melhora no preenchimento da variável de cor ou raça e possibilita a realização de análises mais consistentes sobre as desigualdades raciais. A análise por grupo populacional revela disparidades acentuadas: em 2021, enquanto havia 38,9 mestres brancos por 100 mil habitantes, havia apenas 21,4 entre pretos, 16,1 entre pardos e 16 entre indígenas. A diferença é ainda mais crítica no doutorado: brancos somavam 14,5 por 100 mil habitantes, ante cerca de 5 por 100 mil para pretos, pardos e indígenas.

A publicação analisa, ainda, as desigualdades por gênero dentro das categorias raciais. Mulheres brancas apresentam participação majoritária nas titulações, mas as mulheres pretas e pardas só ultrapassaram os homens em número de títulos com mais de uma década de atraso. No doutorado, ainda há predominância masculina entre titulados pretos e indígenas.

Em termos de emprego formal, observou-se o crescimento expressivo entre titulados pretos, pardos e indígenas, especialmente no doutorado. No entanto, os brancos ainda concentram a maior parte dos vínculos empregatícios. A administração pública estadual foi a principal empregadora de mestres pretos, pardos e indígenas, enquanto a federal liderou para doutores brancos.

As disparidades salariais também persistem. Em 2021, os mestres pretos recebiam, em média, 13,6% a menos que os mestres brancos. Entre os doutores, a diferença foi de 6,4%. Indígenas apresentaram os rendimentos mais equitativos entre homens e mulheres com títulos de pós-graduação, enquanto mulheres brancas e amarelas foram as que mais enfrentaram desigualdade de gênero nos salários.

A análise regional reforça as desigualdades. Regiões como o Norte e o Nordeste, com maior proporção de população parda e preta, apresentam sub-representação desses grupos nas titulações. A participação da população branca nas titulações supera a sua proporção populacional em todas as regiões, com destaque para o Centro-Oeste, onde há uma sobrerepresentação de 23,2% no doutorado.

Representatividade

A coordenadora do estudo, Sofia Daher, destaca que tem aumentado a participação de indivíduos de cor ou raça preta, parda e indígenas. No entanto, esta participação ainda está abaixo da representatividade desses grupos na população. “Ou seja, há uma proporção consideravelmente menor na etapa de formação, mas, quando ultrapassam essa fase e chegam ao mercado de trabalho, pretos e pardos apresentam taxas de emprego muito próximas às dos brancos, ou ligeiramente superiores. No entanto, quando se analisa a remuneração, observa-se uma desvantagem significativa, com salários inferiores aos da população branca, tomada como referência por apresentar as maiores remunerações entre mestres e doutores”, afirma.

Ela ressalta, ainda, que os aumentos de participação de pretos e pardos na pós-graduação, certamente, já refletem os resultados da política de cotas na graduação e que, agora, passam a repercutir na pós. Contudo, Daher lembra que a assimetria ainda é enorme e desigual nas regiões. “Apesar dos avanços, é necessário o fortalecimento de políticas públicas que possam reduzir essas assimetrias em menor tempo e adequá-las no território para facilitar o acesso de indígenas, pretos e pardos à pós-graduação e à valorização no mercado de trabalho”, diz.

O estudo indica que, mesmo com conquistas, ainda há grandes desafios na construção de um sistema de pós-graduação mais diverso e representativo. A ampliação da coleta de dados e o uso dessas informações para a formulação de políticas públicas são apontados como estratégias essenciais para promover a equidade racial na formação de mestres e doutores no país.

Com informações do CGEE

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