A ministra da Ciência, Tecnologia e Inovação, Luciana Santos, participou na sexta-feira (10) do encerramento do ciclo de oficinas do projeto Vozes dos Biomas, na Escola Nacional de Administração Pública (Enap), em Brasília (DF). O encontro marcou a etapa final de uma série de seis escutas regionais — que percorreram os biomas Amazônia, Mata Atlântica, Pampa, Caatinga e Pantanal — com o objetivo de reunir contribuições das comunidades locais para a construção de propostas voltadas à transição climática justa e inclusiva.
O projeto é conduzido pelas Enviadas Especiais da 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP30) — Janja Lula da Silva (Mulheres), Jurema Werneck (Igualdade Racial e Periferias) e Denise Dora (Direitos Humanos e Transição Justa) — e resultará na elaboração de cartas com ações práticas para cada bioma, a serem apresentadas à presidência da conferência.
Luciana Santos destacou a importância da escuta social e da valorização dos conhecimentos ancestrais na formulação de políticas públicas. “A ciência e a tecnologia são práticas que, antes mesmo da academia, os povos ancestrais desenvolveram como forma de explicar e transformar a realidade”, afirmou.
A ministra ressaltou que a integração entre dados científicos e participação popular tem orientado o trabalho do Governo do Brasil e citou a reestruturação do Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (FNDCT) como o investimento estratégico em ações voltadas ao combate às mudanças climáticas.
Luciana também mencionou o papel do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) no monitoramento por satélite do desmatamento e sua articulação com o Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima para orientar ações de fiscalização e controle. Essa cooperação tem contribuído para a redução significativa do desmatamento em diferentes biomas, inclusive no Cerrado, que vinha apresentando índices preocupantes.
“Esta COP30 será muito diferenciada. Ela vai acontecer no seio da Amazônia pela teimosia, persistência e convicção do presidente Lula e vai dar certo porque as mulheres estão aqui com força e compromisso”, declarou Luciana Santos.
A enviada especial da COP30, Janja Lula da Silva, ressaltou o avanço das políticas sociais e o papel do País como referência internacional no enfrentamento da fome e da pobreza. “O Brasil alcançou o menor nível de fome da sua história. A proporção de lares em insegurança alimentar grave caiu para apenas 3,2% no último ano”, afirmou, destacando que o mesmo empenho que tirou 33 milhões de pessoas da fome deve orientar o combate à crise climática.
O evento encerrou as atividades presenciais do Vozes dos Biomas, consolidando o projeto como uma ferramenta de integração entre ciência, políticas públicas e participação popular. A carta do Cerrado — elaborada a partir das contribuições apresentadas — será encaminhada à presidência da COP30 reunindo propostas e recomendações sobre justiça social, equidade e protagonismo das mulheres na ação climática.
Com o encerramento da oficina, o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação reforça sua atuação na agenda climática e ambiental brasileira, promovendo o diálogo entre instituições científicas, governos e comunidades que vivem e protegem os biomas nacionais.
Também estiveram na oficina do Cerrado a ministra do Meio Ambiente e Clima, Marina Silva; a ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco; o ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Márcio Macêdo; a secretária-executiva do Ministério do Desenvolvimento Agrário, Fernanda Machiaveli; e a embaixadora Liliam Chagas, negociadora-chefe do Brasil na COP30. Participaram ainda as enviadas especiais da COP30 Jurema Werneck, responsável pela pauta de Igualdade Racial e Periferias; e Denise Dora, que atua em Direitos Humanos e Transição Justa.
O legado da COP30
A ministra do Meio Ambiente e Clima, Marina Silva, destacou que os resultados obtidos pelo Brasil no controle do desmatamento e na redução das queimadas precisam se transformar em um marco duradouro para o País.
A ministra disse que a COP30 representa uma oportunidade histórica para consolidar políticas estruturantes de combate à crise climática e fortalecer o protagonismo das comunidades que vivem e protegem os biomas brasileiros. “O legado que queremos deixar com a COP30 é o de um Brasil que volta a ser exemplo de responsabilidade ambiental, que alia justiça climática, combate às desigualdades e valorização dos povos e comunidades tradicionais.”
Marina ressaltou que o Brasil vive um momento de reconstrução ambiental, em que as ações de comando e controle são combinadas a iniciativas de desenvolvimento sustentável nos territórios, em diálogo constante com as populações locais. “Foi graças a esses esforços, sob orientação do presidente Lula, que nós tivemos o resultado de redução do desmatamento de 46% na Amazônia nos dois primeiros anos e de 32% no Brasil inteiro nos dois primeiros anos de governo do presidente Lula.”
Na Amazônia, a queda acumulada dos alertas de desmatamento em junho de 2025, comparada a junho de 2022, foi de 65%, menor índice para junho desde 2015. Segundo dados divulgados pelo Ministério do Meio Ambiente, o Brasil registrou, no primeiro semestre de 2025, uma queda de 65,8% nas áreas queimadas e de 46,4% nos focos de calor, em comparação com o mesmo período de 2024. No bioma Cerrado, foram observadas reduções de 47% na área queimada e 33,1% nos focos de calor.